Cine cult: Flores do Oriente
Pegue a sua pipoca e prepare-se para apreciar um filme cult que vale muito a pena conhecer. Hoje tem dica de filme! O indicado de hoje é uma doce surpresa. Um filme chinês!
O filme é “Flores do Oriente” (2011), que também é conhecido como “As Flores da Guerra“.
Basicamente, esse filme trata sobre a invasão japonesa na China (em 1937), conhecida como a segunda guerra sino-japonesa. Tudo se passa em Nanquim.
Um coveiro americano – John Miller (Christian Bale) chega ao local (uma igreja/escola em Nanquim) para providenciar o enterro do padre responsável pelo local. Inicialmente, John carrega aquele típico estereótipo americano de se importar apenas consigo mesmo. Esse lugar ampara várias meninas (alunas do local) e passa a proteger também um grupo de prostitutas. Todas elas assustadas e se protegendo dos horrores da guerra. John sensibiliza-se com esse momento e passa a protegê-las. Ao mesmo tempo, procura articular uma maneira de tirar as estudantes da cidade. No meio disso tudo há um romance entre o coveiro e uma prostituta – Yu Mo (Ni Ni). A história do filme é narrada por uma estudante desse igreja.
Leia também
Não espere nenhum filme de guerrahollywoodiano com aquela típica polaridade entre soldados super-heróis bonzinhos e humanos contra a nação inimiga. Nesse filme, os soldados representam a verdadeira face da guerra. Não é também aquele típico filme de drama com romance na guerra entre um soldado e uma mocinha.
Óbvio que esse filme está de um lado da guerra, mas de uma maneira muito especial. Esse drama parte do ponto de vista chinês e apresenta-nos um pouco sobre parte das origens da rivalidade entre China e Japão.
Flores do Oriente é angustiante, delicado e desestabilizante, especialmente para as mulheres. Para quem não sabe, pelo menos 20.000 mulheres e meninas foram estupradas durante esse massacre. O filme traz essa questão à tona. A violência e a agressão sexual contra o feminino nas guerras são questões muito pouco abordadas pelo “cinema de guerra”. Zhang Yimou (diretor) mostra essas relações de poder de gênero e a própria brutalidade da guerra. Ele consegue trazer toda essa angústia para as telonas e nos leva a refletir sobre as vítimas da guerra, sobre o pretenso poder masculino constituído socialmente ao longo dos anos.
Zhang Yimou foi o responsável por filmes famosos, como “Lanternas Vermelhas” e “O Clã das Adagas Voadoras”.
Ao mesmo tempo, o diretor consegue acrescentar uma dose de sensualidade a partir do olhar das prostitutas chinesas. Ele as coloca como mulheres poderosas, astutas e perspicazes. Esse é um aspecto bastante válido. A atriz Ni Ni que interpreta Yu Mo, como líder das prostitutas, cresce no filme, atrai, encanta e dá um banho de interpretação. Há um breve romance entre John Miller (o coveiro) e Yu Mo.
Christian Bale mostra, mais uma vez, que não é somente um ator de blockbuster. Não é só de Batman que ele vive! Ele é astuto, conquista e cativa. A crítica internacional afirmou que o personagem é muito “chavão”. Verdade. De fato, é aquele típico estrangeiro que se torna um mocinho da guerra. Talvez, por isso, ele não cresce tanto no filme. Muitas vezes, é o trabalho de Ni Ni que chama atenção. Mas, Bale já mostrou que é um grande ator (veja: “O operário“) e, mesmo nesse filme, nos presenteia com uma bela atuação.
Por outro lado, esse filme também explora uma mensagem positiva sobre fazer o bem, a caridade (no sentido de ajudar o outro gratuitamente) e o amor ao próximo. Elementos tão escassos nos dias atuais. Há, assim, uma crença no ser humano. Será?
Não deve ser comparado com outros filmes típicos desse gênero e/ou com filmes ocidentais. Talvez seja um filme longo demais (mais que o necessário) e, em alguns lapsos momentos, a narrativa parece se perder. Faltou um pouco mais de profundidade histórica transposta para a telona.
Esse é um excelente filme oriental. É um cult que vale a pena ver (por que tem muitos que não valem). Um olhar interessante sobre a natureza humana e os horrores da guerra. É daqueles tipos de filme que a trama é tão realista e aflitiva que o espectador termina em absoluto silêncio.
Quem gosta de cinema alternativo, precisa ver o filme Medianeras.
Você já viu “Flores do Oriente”? Recomenda outro filme de guerra interessante? Comente!
Veja também
Crítica – Os Delírios de Consumo de Becky Bloom (Confessions of a Shopaholic)
Cine Cult: Intocáveis {uma comédia inteligente}
Tropa de Elite (BOPE): um filme também para refletir
Barbie Crepúsculo